Contatos de Emergência

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Vida de expatriado tem muitos desafios, mas um dos mais complexos é o tempo que levamos para estabelecermos relacionamentos sólidos. Relacionamentos sólidos para mim são aqueles de confiança, do tipo:

 

– Posso por você na lista de contatos de emergência da escola?

 

E é claro que este tempo varia de acordo com o lugar para onde nos relocamos. Por exemplo, estou na Califórnia há pouco mais de quatro meses e ainda não tenho contatos de emergência. Somos meu marido e eu para segurar todas as barras, quando ele está perto o suficiente, senão somos eu e Deus, como dizemos no Brasil.

 

As vezes damos sorte e pinta um “rapport” com um vizinho, outras vezes a cultura do lugar ajuda. Na Georgia, logo no primeiro dia de aulas das crianças conheci uma mãe enquanto esperávamos o ônibus escolar na esquina de casa. Quando eu disse que havia mudado para lá havia poucas semanas e ainda não tinha sequer um conhecido para colocar na lista de emergência da escola, ela imediatamente me ofereceu seu número. Ela também era expatriada, e apesar de haver mudado da Índia para os Estados Unidos fazia anos compreendeu imediatamente minha situação. Somos grandes amigas até hoje. Ela me apresentou aos vizinhos, e duas outras famílias se colocaram a disposição para qualquer situação inusitada, como estar num consultório médico porque uma criança se acidentou, e alguém precisa ir buscar seu outro filho na escola, e ficar com ele por algumas horas. Seu marido está do outro lado do atlântico, ou pacífico, ou qualquer outro oceano, em viajem de negócios, e não dá para contar com ele. Já passei várias situações assim.

 

Aqui na Califórnia as pessoas parecem ser mais reservadas, informais sim, porém cautelosas. E apesar de haver jogado um verde, mencionando de passagem como acabamos de chegar e ainda nem temos os tais contatos de emergência, ninguém se ofereceu para o posto. Já perguntaram se minha filha mais velha, que tem quatorze anos, se interessaria em trabalhar de baby-sitter, mas o tal contato de emergência nada. Não estou tão desesperada porque minhas crianças já sabem ficar sozinhas em casa, mas ainda assim, estou torcendo para encontrar alguém que se candidate o quanto antes.

 

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About Adriana Gomes

Adriana é brasileira nascida em São Paulo. Em 1997 seu marido, Flavio Gomes, recebeu uma oferta de transferência ao exterior. Desde então ela já morou em dois estados americanos, Flórida e Georgia, e também teve a oportunidade de viver por um ano em Xangai, na China. Em cinco mudanças internacionais incluindo um bate-e-volta de dois anos ao Brasil, Adriana teve seis endereços diferentes nos últimos quatorze anos. Sem dúvida ela já acumulou muitas estórias que pretende compartilhar aqui no Hallo Hello, acompanhem!