Medicamentos Genéricos no Brasil

Medicamentos Genéricos - São Seguros?

Passei um sufoco danado em minha última visita ao Brasil. Minha filha levou várias picadas de borrachudo em nossa estada no litoral norte de São Paulo. Até aí toda a nossa família levou, mas ela coçou e coçou as picadas, até que essas se inflamaram e acabaram infeccionadas.

A pediatra prescreveu uma série de medicamentos para tratar as feridas, incluindo um antibiótico. Como estamos acostumados a comprar medicamentos genéricos nos Estados Unidos, nem questionamos quando nos deram o remédio genérico na farmácia, simplesmente pagamos e pronto.

Iniciamos o tratamento na maior tranquilidade, as feridas eram feiosas mas localizadas, ela não tinha nem dor nem febre, e a pediatra nos disse que em quarenta e oito horas deveríamos ver sinais de melhora.

Na manhã do terceiro dia após o inicio do tratamento, ou seja, passadas quarenta e oito horas, minha filha amanheceu com os pés inchados e doloridos. Estavam muito feios, levei o maior susto. Fomos ao pronto-socorro onde recebemos a noticia que a infecção havia atingido a camada subcutânea e que ela deveria ser internada imediatamente para receber medicação intravenosa, pois o antibiótico que ela estava tomando via oral não havia feito um bom trabalho.

– Mas este não é o medicamento indicado?

Perguntei eu ao pediatra do hospital mostrando a caixa do antibiótico.

– Ah, você comprou genérico.

Me respondeu o médico naquele tom de quem acaba de desvendar um quebra-cabeças. Ele me explicou que infelizmente nem todos os genéricos brasileiros seguem padrões de qualidade de “primeiro mundo”. Apesar do Brasil ser um grande exportador de medicamentos genéricos, somente países subdesenvolvidos e em desenvolvimento compram. Nem a Europa nem os Estados Unidos compram genéricos brasileiros por questões de baixo controle de qualidade.

Ou seja, se eu tivesse comprado o medicamento de referência, que é como se chamam os remédios da marca oficial, teríamos evitado uma estada de quatro dias no hospital, e muito nervoso.

Pesquisa feita pela Asspociação de Consumidores Proteste (clique no link e veja documento completo – Pesquisa Genéricos v3.1) demonstra que um percentual respeitável de médicos tem restrições ao uso de medicamentos genéricos no Brasil, conforme demonstra a análise publicada no site do CFR-ES – Conselho Regional de Farmácia do Espirito Santo, baseada no estudo.

Aparentemente alguns laboratórios oferecem controles de qualidade superiores, portanto se for optar por medicamento genérico no Brasil, converse com seu médico, pergunte se o remédio receitado tem genérico de qualidade, e que laboratório ele recomenda.

 

Peixe fora d’água

Essa foi minha primeira Olimpíada “consciente” que eu assisti morando no exterior. Digo consciente porque em 2008 meu filho ainda estava pequeno e eu tinha muitas outras prioridades além de ficar olhando esporte na televisão… desculpe, mas foi assim mesmo.

Mas nesses Jogos Olímpicos de Londres a situação foi outra. Meu filho, agora com quase 7 anos, de férias, fissurado em futebol e cheio de energia, pôde ficar muitas noites até mais tarde para ver os jogos. Se encantou com a natação (o que até o inspirou a tentar o nado borboleta no lago aqui perto de casa!), o atletismo, a canoagem, o hóquei, o levantamento de peso, cintando os que ele teve a oportunidade de assistir. Note que em nenhum desses esportes o Brasil conquistou medalhas ou era um forte candidato….

Dava-me gosto de vê-lo acompanhar e me chamar quando havia um brasileiro disputando e torcer pela nossa vitória, reconhecer a bandeira, os nomes… Mas há momentos em que a gente se sente mais expatriado do que nunca!

O que me fez sentir mais “peixe fora d’água” foi o fato de sempre querer ver algo diferente dos outros 80 milhões de pessoas que vivem aqui. Havia somente 2 canais televisionando os jogos que, obviamente – para eles, priorizava onde haviam alemães ou, pelo menos, europeus competindo. Então passei a semana inteira vendo atletismo e os fortões do levantamento de peso, enquanto o Brasil jogava vôlei de quadra e de praia, futebol, basquete, judô…

Conclusão: acompanhar, mesmo, só pelo App do celular!!!

Os únicos jogos do Brasil que assisti foi a final do vôlei de praia e do futebol! Os dois em que o Brasil perdeu… E ainda porque a final era contra um time europeu! Pensei que ia ser fácil… eles nem sabem jogar vôlei de praia… eles nem têm praia, cáspita! 🙂

Passada essa “revolta”, ontem assisti à festa de encerramento do evento. Comentários à parte – a festa foi mesmo de arrepiar – fui invadida por um orgulho e uma emoção imensa ao ouvir o Hino Nacional naquele estádio lotado, ao perceber que as pessoas de todas as nacionalidades e culturas estavam apreciando a pequena “introdução” ao que será daqui a 4 anos. O locutor dizia que já estava imaginando a Olimpíada no Brasil, que o nosso povo certamente vai garantir o alto astral para todos…

E na verdade, não menosprezando nossas qualidades de competição (nós tivemos excelentes surpresas em Londres e vamos caminhar mais ainda para frente), nosso maior talento é sermos o que somos: alegres, divertidos, musicais, excelentes anfitriões. Um povo que acolhe quem quer chegar e já o convida para sambar!

Eu já estou ansiosa por 2016! E quero fazer de tudo para viver essa emoção, no meu país!

Couve-de-Bruxelas ao Molho Bechamel

Couve-de-Bruxelas

A couve-de-bruxelas é rica em sais minerais, principalmente fósforo e ferro, e contém vitaminas A e C, ambas importantes para a vista e para a pele. Que ótimo! Mas como convencer os pequenos? Pois é, eu desenvolvi uma receita aqui em casa usando um velho truque francês, molho. Os franceses são famosos por seus molhos, e realmente eles complementam vários ingredientes como se fossem feitos um para o outro. Considero este o caso do molho bechamel com a couve-de-bruxelas.

Ingredientes:

½ kg de couve-de-bruxelas limpas e cortadas ao meio;

2 ½ colheres de sopa de manteiga;

2 colheres de sopa de farinha de trigo;

2 xícaras de leite integral (senão não fica cremoso, é assim mesmo, francês não economiza na manteiga e nem no leite gordo, daí as porções pequenas);

Uma pitada de noz moscada;

Sal a gosto;

150g de queijo suíço (Emmental) ralado grosso, se você preferir mais queijo, não se acanhe.

Preparo:

Pronta para ir ao forno.

Cozinhe as couves-de-bruxelas no vapor (eu uso aqueles suportes de bambu chineses) até que fiquem macias, porém ao dente (leva de dez a vinte minutos dependendo do tamanho das bolotinhas), e reserve.

Ligue o forno para aquecer a 200ºC.

Aqueça uma panela para molho em fogo médio, derreta a manteiga e adicione a farinha de trigo aos poucos mexendo sempre com um fuê (aqueles batedores com aros trançados – detalhe, o fuê não pode ser usado em panela de tefall). Você verá uma pasta amarelada no fundo da panela. Passe a acrescentar o leite, bem devagar e mexendo sempre, de ¼ de xícara em ¼ de xícara. Somente acrescente outro tanto de leite quando o anterior estiver bem incorporado. Em seguida acrescente a noz moscada e o sal a gosto (a gosto quer dizer ponha um pouco e prove até ficar bom).

Junto com arroz branco e uma saladinha, acompanha bem assados e grelhados. Só de escrever já me deu uma fome!

Em uma travessa refratária arranje as couves-de-bruxelas e acrescente o molho bechamel, misture até que todas as couves-de-bruxelas tenham uma camada fina de molho. Cubra com o queijo suíço e leve ao forno para gratinar por 15 minutos. Voilá!

O que a Suíça tem a ensinar?

Hoje, 1o. de Agosto, é o Feriado Nacional da Suíça. Comemora-se o dia em que, em 1291, foi criada a Confederação Suíça. O nome Schweiz (em alemão) origina-se do antigo cantão de Schwyz.

O jornal alemão Die Welt publicou hoje uma matéria na qual sugere que o país deva ser tratado “com mais respeito”, pois ele tem muito a ensinar aos países que estão atualmente em crise, pelo seu modelo econômico e politico bem sucedido.

Na década de 1940 seus vizinhos de mapa não eram lá muito amigáveis: a Alemanha nazista ao norte, a Itália fascista ao sul, no oeste a França dominada pelos nazistas, Áustria. O único país fiel a Berna – e com a qual mantinha um acordo alfandegário – era Liechenstein, uma monarquia hereditária que não possuía exército e tinha um território de 160 quilômetros quadrados. Com toda essa pressão externa, a Suíça desenvolveu um plano de defesa de seu território que, em caso de ataque dos alemães, envolvia a rendição das planícies entre as montanhas Jura e os Alpes e uma uma retração nos Alpes, que seria defendido até o último homem.

No período pós-guerra, entretanto, a Suíça foi um dos poucos países que, em todos os níveis, tentou integrar a recém formada Alemanha na Europa. Isso os alemães têm a agradecer. O pós guerra foi um período de desenvolvimento sem precedentes na história do país. A Suíça em si não é um país rico, vive do trabalho e da capacidade inovativa de seus cidadãos, além de sua posição geográfica estratégica no coração da Europa. Por isso mesmo foi repetidamente invadida e roubada pelos países mais poderosos, antes do século 20.

Só conseguiu sobreviver como nação porque desenvolveu uma “Idée Suisse”, um conceito de identidade nacional associado a uma administração descentralizada e participativa dos cantões (similares aos Estados). Além disso, como é conhecido, os 4 grupos (germânicos, franceses, italianos e romaneses), a caracterizam como o primeiro país multicultural do mundo. Isso não seria possível se não houvesse uma forte proteção às minorias, uma participação de todas as línguas em todos os níveis da administração pública e principalmente uma descentralização administrativa e econômica.

A Suíça é um dos países que mais usa, se não o que mais usa, o sistema de consulta popular para tomar decisões – e em todos os níveis: de decisões sobre o número de dias de férias, passando pelo sistema de saúde e incluindo os contratos governamentais.

Além disso, a Suíça já tem um sistema de controle de gastos públicos desde 2001 (ano em que a Grécia entrou para a Comunidade Europeia), também decidido por plebiscito. Nos últimos anos sua economia produziu um superávit de 0,7% do PIB ao ano, o que na Alemanha não acontece desde 1969…

É comum ignorar-se o fato da Suíça ser, na verdade, uma potencia industrial. O valor de sua produção é o dobro do gerado em Cingapura ou Noruega. E é através do uso de automação que ainda é possível produzir no país, apesar dos altos custos com mão-de-obra. Outro número que impressiona: a Suíça exporta 80% a mais per capita que a Alemanha, isso sim é um “campeão de exportação”!  Em contrapartida, o setor financeiro é responsável por apenas 15% do PIB. Os impostos gerados por esse setor correspondem apenas entre 12 e 16% do total arrecadado.

Aliás, os investidores estrangeiros chegaram à Suíça porque, há algumas décadas atrás, recebia-se juros até mesmo negativos por seus investimentos em outros destinos. A Suíça oferecia segurança política e econômica, sem inflação, o que era raro na época. Além do mais, a Suíça é quase imbatível em termos de segurança de dados…

Sua nudez não será castigada!

Viajar de férias é uma das melhores coisas a se fazer na vida. Seja para onde for, sempre há muito o que observar. Dessa vez vou compartilhar com meus leitores uma peculiaridade das praias espanholas que para mim, como brasileira, chamou muito a atenção: a nudez nas praias.

A primeira vez que fui à uma praia espanhola, há 4 anos, foi na ilha de Fuerteventura. A ilha tem inúmeras praias, algumas mais habitadas, outras desertas, algumas com ondas gigantes, outras com água calma e cristalina, como se fossem piscinas naturais. Um paraíso na Terra certamente.

Pois bem, escolhemos nossa praia de destino, arrumamos nossa tenda para um belo dia de verão na praia.. Quando olho em volta, uma porção de gente sem roupa! Homens e mulheres nus ou de topless à beira-mar. Eu conheço certas pessoas que essa situação causaria, no mínimo, um ataque de risos….

Não esperava ver nudez numa praia bem frequentada por pessoas não-nuas, mas enfim, depois de morar alguns anos na Alemanha ouvindo histórias sobre saunas mistas em família e vendo pessoas trocarem suas roupas de banho em pleno lago lotado à luz do dia, certas coisas não me deixam mais embaraçada.

Curtimos nossos dias de praia e nos deparamos algumas vezes com peladões e mulheres de topless, apesar de haver praias de nudismo na ilha. Pensei que a ilha paradisíaca inspirasse essa liberdade nas pessoas…

Dessa vez fomos à várias praias na Espanha continental, no litoral do Atlântico e no litoral Mediterrâneo. Fomos a praias de cidade e afastadas. Fomos de Guarujá-Pitangueiras à Ilha Bela na alta temporada, se é que você me entende… Praia de surfista, de “bicho-grilo”, de família, de solteiros, de gente que quer sossego. E em todas elas encontramos gente nua ou sem a parte de cima dos biquínis… Eu comecei a observar as pessoas que estavam nuas, não para olhar a nudez em si – afinal eu sei exatamente o que cada um tem – mas para descobrir que tipo de gente tem a coragem de mostrar seu corpo assim, pra todo mundo?

Descobri que eram pessoas como eu, como você, como minha mãe ou pai, ou avó, ou tia, ou tio, ou primo, ou prima…. Famílias chegam com seus aparatos de praia, as crianças pegam o baldinho e a pá para brincar, o pai vai jogar bola com o filhinho e a mãe, o que faz? Tira o sutiã!!! Normal, não? Deve ser uma sensação interessante estar sem sutiã num lugar onde há pelo menos 100 pessoas em volta que você nunca viu na vida…

A cena mais curiosa, pra não dizer engraçada, foi nosso primeiro dia em San Sebastián. Estávamos caminhando na praia a caminho do centro para jantar e, de repente, um homem peladão saindo do mar passa por nós. Era um homem de meia idade, barrigudo e peludo, na maior naturalidade.  E então ele se deita na areia, ao lado de um amigo, que não estava nem de roupa de banho, e começam a conversar: “Que banho de mar delicioso! Você viu a notícia do jornal de hoje?”. Imagine um brasileiro fazendo isso?

Como pode o espanhol ter uma relação com a nudez tão aberta e nós, o país onde todo mundo anda quase pelado no Carnaval e termos os menores biquinis do mundo, sermos tão conservadores? É uma questão que me deixa por vezes confusa. E é talvez por isso que os estrangeiros, melhor dizendo, os europeus acham que seria de se esperar que nós tivéssemos uma abertura maior em relação a isso.

Quem sabe da próxima vez eu me animo e entro na onda? Na Espanha minha nudez certamente não seria castigada…

Passar Férias de Julho em São Paulo É:

Só dava nós, caminhando pela praia num dia fresco, em pleno mês de julho.

Longas caminhadas na praia; rever velhos amigos; estar com a família; carinho de mãe, pai, irmãos, tios, avós; comida de mãe, tia, avó; requeijão Poços de Caldas; pizzarias paulistas; dirigir a noite pela cidade relembrando os caminhos por onde passei milhares de vezes, sempre estressada a caminho do trabalho, sem perceber sua beleza; o restaurante DOM para comida brasileira elevada à obra de arte; pães de queijo, coxinhas de frango, empadinhas de camarão e palmito, enfim, salgadinhos bem brasileiros, de preferência acompanhados de uma cervejinha bem gelada; ver as crianças brincando com os primos e os filhos dos velhos amigos, e conversando em português; pé de moleque, brigadeiro, beijinho, cajuzinho, bananada, paçoca, tapioca, curau de milho, pudim de leite, manjar branco, bolo nega maluca, pão-de-ló de laranja e leite, todos os doces deliciosos da minha terra acompanhados de um cafezinho, um chazinho, ou até um suquinho de mamão com laranja; requeijão Catupiry; assistir a jogo de futebol entre amigos e parentes, ver meu marido fazer um gol, e dedicá-lo a mim (coisa de brasileiraço mesmo); ver as crianças jogando futebol no meio dos adultos, e gritando: passa a bola pô, que fominha – com sotaque estrangeiro; a galera jogando vôlei a manhã inteira, e depois gemendo a tarde toda, mas cheia de bom humor, aplacando o desconforto com caipirinha; cochilar na rede; caminhar no meio do mato até a beira do rio, e passar o resto do dia se queixando das picadas de borrachudo – caipirinha também ajuda nessas horas; o céu azul turquesa encontrando o mar no horizonte; doce de leite; doce de leite com queijo fresco; restaurantes árabes, italianos, portugueses, japoneses, espanhóis, culinária internacional executada à perfeição nos restaurantes maravilhosos de São Paulo; simpatia; um churras entre amigos; o restaurante Manacá em Camburi; festa julina; assistir um filminho na sala, com a lareira acesa, tomando chocolate quente; feijoada; arroz carreteiro; ver os amigos e familiares prosperando na cidade vibrante; conversar até não aguentar de sono; assistir final de campeonato de futebol em casa de parentes e amigos, e torcer junto até ficar rouca; a doceira Cristalo, a Brunella, o Amor aos Pedaços, a Copenhagen, agora tem até Ladurée em São Paulo, e muitos outros recantos deliciosos para a hora do cafezinho; encontrar os amigos na hora do cafezinho; catar conchinhas na praia; a bacalhoada da minha mãe; bolinhos de bacalhau; andar de shorts e camiseta em pleno inverno; ver as crianças “ajudando” as avós na cozinha; ver minhas filhas provando as comidas da minha infância; molhar os pés na água do mar vestindo roupa de verão, enquanto os locais usam agasalhos e olham para nós como se fossemos loucos de pedra; passar frio dentro de casa à noite.

Cafezinho com delicadeza em doceira paulista.

Acho que cobri o básico, se você pensar em algo mais, por favor acrescente nos comentários.

Saudade de São Paulo

Imagens belas de São Paulo

São Paulo continua a metrópole insana da minha infância e juventude. O povo brasileiro segue simpático e prestativo. Os amigos são ainda mais queridos do que me lembro. E a família ainda mais essencial.

Após uma separação voluntária de três anos me vejo turista na minha terra natal. Saí do país há quatorze anos, mas nunca havia ficado tanto tempo sem visitá-lo. Só percebi quanta saudade eu carregava no peito quando cheguei. Saudade do abraço apertado, do sorriso aberto, da mão estendida, da vibração da cidade, e da comida brasileira, italiana, árabe, portuguesa, japonesa, enfim de todas as culinárias executadas à perfeição nos restaurantes da cidade.

Saudade é uma palavra exclusiva da nossa língua portuguesa, e as vezes por isso mesmo, parece que falando no meu idioma de nascimento, até o sentimento que a palavra exprime se torna mais agudo. E quando o saudosismo é agudo, os defeitos tornam-se aceitáveis, afinal não convivo com eles no dia-a-dia. O trânsito não incomoda tanto, e a poluição, que eu sei, continua terrível, parece não ser tão intensa quanto eu lembrava. É, parece que estou vendo a cidade com lentes cor-de-rosa mesmo. E não pretendo tirá-las, estou de férias e quero mais é desfrutar desta sensação boa, mesmo que imprecisa.

Portanto, apesar de São Paulo seguir insana, vou me ater ao carinho que recebo na casa dos amigos e familiares, e seguirei ignorando o caos ao meu redor.

A verdade sobre o protetor solar!

No hemisfério norte é verão (e, por incrível que pareça, no Brasil também), férias escolares e boa parte do continente está buscando – literalmente – um lugar ao sol.

Época de comprar o protetor solar favorito, aquele do reclame, que tem uma marca famosa e, se couber no orçamento, bem cara. Afinal de contas eles gastam milhões de dólares em desenvolvimento de produto e têm o melhor que o mercado pode oferecer, certo?

Usar protetor solar é essencial

Errado! A Stiftung Warentest testou, pelo terceiro ano consecutivo, e concluiu novamente que os protetores solares mais caros NÃO são os que oferecem melhor proteção contra o sol… dá pra acreditar?

Então vamos aos fatos: foram testados 20 produtos das mais variadas marcas. Este ano foram testados os protetores das marcas brancas das cadeias de supermercados de desconto e perfumarias alemães (Lidl, Müller, Rossmann, Schlecker, DM e ALDI), assim como marcas conhecidas e que por vezes são vendidas até exclusivamente em farmácias (Tiroler Nussöl, Biotherm, Nivea, Garnier, Lancaster, Yves Rocher, Vichy, Annemarie Börlind, La Roche Posay, Avon e Eco).

Foram avaliados, entre outros: proteção contra raios UVA, observância da quantidade de FPS, consistência, aplicação, sensação na pele, qualidade microbiológica, orientação para aplicação, dizeres da embalagem, comportamento à várias temperaturas. Para nós, consumidores, os dois primeiros fatores são os mais importantes. Afinal, por que compramos protetor solar? Portanto os produtos que tiveram nota insatisfatória nesses quesitos, já perderam pontos para o conceito final.

O resultado: os 6 produtos que oferecem melhor proteção contra o sol são realmente os das lojas de descontos Lidl, DM, Rossmann e Müller! Detalhe: os preços variam de meros 1,20 euros até 20,00 euros/100 ml. Produtos que, porque custam mais caro acredita-se que possuem qualidade superior, pontuaram com meros “satisfatório” ou “insuficiente” em um ou mais quesitos, Por favor…

A instituição que fez o teste também alertou para o que está escrito na embalagem. Coisas do tipo: proteção para o DNA, proteção infra violeta, sem parabeno, testado dermatologicamente, sem parafina, não são critérios de qualidade. Será que o fabricante não tem nada melhor para escrever sobre seu produto?

A semana passada mostrei o teste da água mineral, que concluiu que a água da torneira é mais saudável e confiável que a água de marca aqui na Alemanha. Outros testes mostraram que para cosméticos como creme hidratante, removedor de maquiagem e até alguns artigos de maquiagem também os “discounters” oferecem melhor qualidade.

O que isso quer dizer?

Do meu ponto de vista, significa que nem tudo o que é “de marca” é bom ou melhor. Que o consumidor se deixa iludir facilmente com as campanhas de publicidade e não presta a atenção devida ao que está comprando e consumindo. Principalmente no Brasil, marca ainda é associada a qualidade, se bem que meus anos trabalhando na indústria têxtil fizeram esse meu conceito cair por água abaixo. Vale a pena pesquisar, se informar. Eu já me surpreendi positivamente com as duas faces da moeda. Já comprei, sim, produtos sem marca que são uma porcaria e voltei ao original.

Portanto, consciência na hora de comprar!

Aplique o protetor generosamente. De acordo com especialistas, na realidade 250 ml de protetor deveria ser o suficiente para somente 3 dias para um adulto! Saia do sol nos horários de pico e, se puder, use chapéu e camiseta com FPS para se proteger, principalmente as crianças.

Agora que a você já sabe a verdade sobre os protetores solares, boas férias e um bom sol para você!!!

Boas férias!

O Dia Dos 7 Dorminhocos

Hoje é um dia muito importante! Às vésperas de começarem as férias de verão, a preocupação de 9 entre 10 pessoas é em saber como estará o tempo durante esse período. Vai dar piscina? Ou vai acontecer como no verão de 2011, quando as pobres crianças, ávidas por curtirem o verão, tiveram 6 semanas de chuva e temperaturas abaixo do normal?

Como noticiou hoje o jornal “Die Welt”, dia 27.06 é o dia em que a previsão do tempo para o verão na Europa se define. Conta a lenda que 7 homens, Maximilianus, Malchus, Martinianus, Constantinus, Dionysius, Johannes e Serapianus, dormiram por 195 anos em uma caverna na Ásia Menor, hoje uma região pertencente à Turquia.

Igreja dos 7 dorminhocos, na Turquia.

No ano de 251, o imperador Décio mandou construir um muro na caverna para que não escapassem, pois eles tinham se convertido ao cristianismo. Os homens não morreram e em 27.06.446 foram descobertos por acaso, acordados de seu sono profundo e libertados.

A história entrou então para o calendário cristão como o “Siebenschläfertag” – o Dia dos 7 Dorminhocos”, quando o bispo Gregório von Tours traduziu a história escrita em sírio e a divulgou.

A lenda não é muito conhecida, mas seus efeitos sim… O tempo que faz neste dia determinaria a tendência para as próximas 7 semanas. Meteorologistas afirmam que há uma taxa de acerto entre 60 e 80% na previsão. Quanto mais longe da costa norte da Europa maior é o acerto, pois a influência do mar é menor.

O mais curioso é uma sabedoria que surgiu na Idade Média ainda ser válida. Ela sobreviveu à reforma do calendário gregoriano, que em 1582 eliminou 10 dias no ano, resultando que o fatídico dia seria o 07.07 e não o 27.06. Seria tudo coincidência, mágica ou superstição?

Há adivinhadores que ainda fazem a ligação do comportamento de certos animais, como o rato, a esse dia…

Enfim, hoje os meteorologistas têm o conhecimento científico para o que antigamente era determinado pela observação empírica dos homens do campo. O tempo na Europa é definido pela diferença entre o ar gelado do Pólo Norte e o ar quente subtropical, o que se define exatamente nessa época do ano.

Um bom exemplo ocorreu em 2010, quando uma corrente extremamente bloqueada (no jargão dos meteorologistas) gerou as chuvas que caíram no Paquistão por semanas e deixando o país debaixo d’água, enquanto na Rússia houve uma extrema seca, gerando inúmeros casos de queimadas nas florestas.

Este ano, por exemplo, a previsão não é das mais animadoras. Olhando-se para trás, o mês de junho teve chuvas e temperaturas dentro da média. Só o sol precisa brilhar mais para atingir a média… Hoje o tempo está ameno no sul: nublado, cerca de 23 graus porém mais quente que no Norte. Será que vai ser assim nosso verão?…

E ainda tem gente que se arrisca a passar férias de verão no Norte da Alemanha…

Churrasco alemão: Tudo O Que Você Precisa Saber

Feriados, Eurocopa, verão, férias! Essa é a época ideal para falar sobre mais uma paixão que os alemães compartilham conosco: o churrasco ou grill, como eles chamam! Estando em outro país, outra cultura, outro clima, nota-se as diferenças entre o modo de preparo e os ingredientes usados aqui e no Brasil.

Para nós, brasileiros, e para eles qualquer motivo é motivo para “queimar um cebo”. A diferença é que o fato de podermos fazer-lo em qualquer época do ano, faz até ficar um pouco comum demais…

Churrasco é uma festa!

Na Alemanha teoricamente só é possível fazer churrasco de abril a setembro (quando dá sorte de não chover muito), o que faz o “Grill” ter um sabor especial. Exceção foi um Natal que tivemos “amenos” 12 graus e vizinhos nossos fizeram um churrasco de Natal!! Claro que comeram no aconchego de sua sala de jantar, mas só o fato de poder assar a carne ao ar livre já foi uma sensação! E eu nem tive essa idéia…

Bem, churrasco alemão tem que ter quatro componentes: salsicha, carne, salada e pão.

Salsicha existe de inúmeros tipos: de porco, de boi, de carneiro, de frango. Com ervas, sem ervas. Com queijo. Com pimentão. Crua. Defumada. E sempre há vários vidros de molho pronto para acompanhar (catchup, mostarda, alho, curry, e muitos outros). A minha preferida, contudo, continua sendo a linguiça tipo calabresa com erva-doce que encontro no supermercado italiano da cidade…

A carne de porco é a preferida, seguida de frango, boi e... legumes!

Carne é basicamente carne de porco, mas pode ser de frango, peru, peixe… Os steaks (bifes) e barriga de porco (enrolada no espetinho, nunca tive coragem de provar, mas dizem que é bom) são as preferidas DELES.

Os bifes são vendidos marinados nos supermercados ou açougues. Explicando: marinar significa misturar temperos e sal com um meio fluido e gorduroso e embeber a carne nessa mistura por alguns dias. No caso dos bifes de porco, frango e peru faz todo o sentido, pois são carnes que são difíceis de pegar tempero. Então é necessário temperar – e bem! Normalmente eles usam misturas de ervas, pimenta do reino, pó de pimentão… Ultimamente tem aparecido frango no tempero de curry que é até gostoso.

Alho nem pensar! Fato é que os alemães temem o odor que é produzido quando se come alho… Mas esse é outro assunto.

Acompanhamentos complementares são salada e pão. Salada é uma obsessão do povo aqui. Uma mania que eu até incorporei aos meus churrascos, porque são realmente práticas (podem ficar a tarde toda em cima da mesa, sem precisar esquentar) e fornecem um complemento saudável ao prato de carnes. Imprescindível é uma mesa com vários tipos de salada ou até um bufê, quando o evento é maior. Esqueçam as saladas de maionese que aparecem nesses eventos no Brasil. As de batata, macarrão, folhas, repolho, pepino e cenoura são as tradicionais por aqui e são temperadas com azeite, vinagre, ervas e sal, mas também com iogurte ou creme de leite (tipo creme fraisch). Há influências de outras cozinhas também: salada grega, caprese, mexicana com feijão e milho e asiática são feitas com os mais diversos legumes, frutas e folhas da estação.

Certa vez fiz um antepasto italiano de berinjela, abobrinha, pimentão temperados com cebola, alho e orégano, acompanhado de pão italiano, que me rendeu muitos elogios. Também tenho feito legumes e frutas na grelha, como os argentinos fazem. Novidade mesmo foi o abacaxi na grelha. Eles adoraram!

As festas de fim de ano ou de verão são os eventos que mais acontecem de junho a setembro: da escola, da escola de música, do esporte, do trabalho do pai, do trabalho da mãe… Você não vai encontrar ninguém que não tenha pelo menos três para ir!

Os organizadores pedem que cada um traga uma salada ou sobremesa para o buffet, seus próprios copos, pratos e talheres. No começo isso me causava estranheza. Foi-me explicado que é para diminuir a quantidade de lixo gerada pelos copos e utensílios de plástico e, claro, porque não tem ninguém que vai ficar para lavar a louça… Se vocês soubessem a quantidade de churrascos que acontecem nesses poucos meses, iriam concordar!

Em algumas festas a carne é vendida/servida pelo organizador. Porém há festas em que cada um precisa levar até sua própria carne, além das coisas mencionadas acima! Detalhe: o que você leva, você come. Nada de fisgar a linguiça do vizinho, não…

As carnes são assadas em conjunto na grelha

Há uma grande grelha redonda onde todos colocam seus pertences para assar. Já presenciei casos que os comensais colocam uma travessa de alumínio com furos em cima da grelha e a carne por cima da travessa, ao invés de colocar a carne direto na grelha (quem faz e aprecia um bom churrasco deve estar se contorcendo nesse momento….).

Porém quando fazemos churrasco em casa, fazemos do “nosso” jeito. Carne sul-americana não pode faltar, assim como a linguiça italiana, a farofa baiana e um arroz branco à moda brasileira. Eu já vi alemão “gemer sem sentir dor” com nossa carne temperada somente no sal grosso, preparada pelo meu marido, que é um churrasqueiro de mão cheia! Hummmm, já estou até com água na boca.

Churrasco a moda brasileira: frango no alho e linguiça merguês!

Aqui é natural se distribuir tarefas. Dificilmente há um evento em que não se tenha que levar nada, mesmo nos aniversários eles sempre oferecem uma contribuição. Esse é outro hábito que incorporei. Entre os brasileiros também já é assim, cada um traz uma salada, bebida ou sobremesa e no fim temos tudo que precisamos para um maravilhoso dia em conjunto.

Uma última informação útil: no mês de maio a “German Barbecue Association” promove o campeonato de churrasco! Eu nunca tinha ouvido falar disso no Brasil! O evento elege o Campeão Alemão de Churrasco do ano, título importantíssimo, não? É um evento para homens, onde só preocupa-se com a carne, como nos tempos das cavernas, como certa vez ouvi de um amigo vegetariano…

Curioso é que cheguei à conclusão de que fazer churrasco é coisa de homem mesmo. Churrasqueiro não pode se distrair (nem com a cerveja!) ou ficar batendo papo enquanto a carne está na grelha. Imagine a dificuldade para a mulherada tomar uma cervejinha, relatar sobre um milhão de coisas ao mesmo tempo e ainda ter que cuidar para a carne não queimar? É melhor preparar a salada antes…

Agora que você já sabe (quase) tudo sobre o grill alemão, desejo-lhe uma maravilhosa “Grillsaison”!