As Crianças Crescem, e as Tradições Mudam, Mas o Espirito do Natal Permanece

A casa já esta pronta para a festa.

No Brasil a noite do dia 24 de dezembro é amplamente celebrada. É na véspera do Natal que os brasileiros ceiam a trocam presentes. Aqui nos Estados Unidos os costumes são diferentes. Algumas famílias até se reúnem para um jantar em família, outras vão à missa, mas a grande celebração para as crianças acontece na manhã do dia 25. Pois durante a noite, enquanto as crianças dormem, o Papai Noel desce pela chaminé da casa (se a casa não tiver chaminé ele entra pela janela mesmo) com seu saco de presentes e os arranja ao redor da Árvore de Natal, então ele come o cookie e bebe o leite que as crianças deixam preparados numa mesinha próxima a árvore, e parte para a próxima casa. Não é de se espantar que ele seja tão fofo, bebendo leite e comendo cookies em todas as casa do mundo como faz.

Aqui as missas de Natal do dia 24 são bem lotadas. No dia seguinte, 25 de dezembro, a criançada acorda e pula da cama animadíssima, corre para a sala e se põe a abrir presentes. Após a abertura dos pacotes, toma-se um lauto café da manhã com ovos, bacon e panquecas, pula-se o almoço, e vai-se direto para o jantar, servido cedo. Os pratos principais são, em geral, peru, presunto defumado (aquele que chamamos de tender no Brasil), pato assado, e pequenas aves como perdizes. Os acompanhamentos tradicionais incluem algum tipo de geleia agridoce como a de cranberry, purê de batatas, legumes grelhados ao refogados, e saladas. E as sobremesas sempre incluem brownies e cookies para as crianças.

Quando nossas filhas nasceram decidimos manter nossos hábitos brasileiros. Então, aqui em casa enquanto as meninas acreditavam em Papai Noel, nós jantávamos tarde, meu marido escapava para se fantasiar de Papai Noel e quando eu levava as crianças para a sala ele estava lá sentado, suando, pois morávamos na Florida onde os invernos são quentes como os do Rio de Janeiro. Ele abria seu saco de presentes e chamava as meninas que se sentavam no colo dele e ficavam encantadas, nem davam pela falta do pai. Com os anos elas passaram a perguntar: “Cadê meu pai.” Até que se tocaram, e agora a família toda é Papai Noel para as crianças das entidades que nós ajudamos todos os anos.

Eu ensinei as meninas que o Papai Noel é uma representação do espirito de bondade e caridade, que todos que podem devem ter para com os que precisam, e não apenas nesta época. Assim, além das doações que fazemos no decorrer do ano, em dezembro cada uma das meninas adota uma criança do orfanato mantido pela escola onde elas estudam. É uma entidade muito especial chamada “My House – Minha Casa”, que cuida de crianças com problemas de saúde cujas famílias não tem condições de assumir, por falta de dinheiro e/ou de estrutura, muitas vezes essas crianças são tiradas das famílias por maus tratos, e são encaminhadas à “My House” por estarem subnutridas e com sérios problemas emocionais, quando se recuperam retornam às famílias ou são encaminhadas para um orfanato convencional. Pegamos a lista de necessidades de duas crianças e montamos os pacotes, que são entregues pessoalmente pelos alunos da sexta série, todos os anos.

As listas incluem itens básicos, como artigos de higiene pessoal, pijamas, meias e chinelos, e vai até brinquedos adequados à idade e ao desenvolvimento de cada criança. Para algumas crianças, com problemas de saúde mais graves, a entidade pede dinheiro para a compra de medicamentos e descartáveis, quando é assim, fazemos um envelope com o dinheiro. Em ambos os casos as crianças escrevem cartas para acompanhar os presentes. Desta maneira, meu marido e eu vamos ensinando nossas filhas a pensarem no próximo, e serem, elas mesmas, representantes do Papai Noel.

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About Adriana Gomes

Adriana é brasileira nascida em São Paulo. Em 1997 seu marido, Flavio Gomes, recebeu uma oferta de transferência ao exterior. Desde então ela já morou em dois estados americanos, Flórida e Georgia, e também teve a oportunidade de viver por um ano em Xangai, na China. Em cinco mudanças internacionais incluindo um bate-e-volta de dois anos ao Brasil, Adriana teve seis endereços diferentes nos últimos quatorze anos. Sem dúvida ela já acumulou muitas estórias que pretende compartilhar aqui no Hallo Hello, acompanhem!