Mandioquinha

Nos Estados Unidos não tem mandioquinha! Olha que eu já procurei bastante. Se algum leitor souber onde se pode encontrar mandioquinha por aqui, por favor me diga que eu vou atrás. Mas infelizmente acho que essa dica não vai chegar.

Acontece que mandioquinha é meu legume favorito. Adoro sopa cremosa de mandioquinha, purê de mandioquinha, nhoque de mandioquinha, para encurtar a lista vou concluir dizendo que nunca provei um prato com mandioquinha que eu não gostasse. Daí chego eu em terras gringas e me encanto com os supermercados imensos com longos corredores e prateleiras sem fim. Cada necessidade doméstica uma oportunidade de ir visitar esses templos de consumismo tão bem organizados e surtidos. Até um dia particularmente frio em que eu decidi fazer um creme de mandioquinha.

Que decepção! Não encontrei, e o pior, não conseguia me entender com o funcionário do mercado. “É uma raiz assim como a cenoura, mas amarelinha,” dizia eu, certa que era apenas um problema de vocabulário. Nem passava pela minha cabeça que não existisse mandioquinha nos Estados Unidos. Após demorados minutos de debates o prestativo senhor me entregou um pacote de raízes bem branquinhas chamadas “parsnip” que segundo o google translate em português se diz “cherivia”. Eu nunca ouvi falar. Olhei para aquelas cenouras pálidas apertadinhas no pacote a vácuo em dúvida, mas era aquilo ou nada.

Em casa tentei morder uma pontinha da cenoura anêmica. Que coisa estranha, diferente mesmo. Tem uma textura próxima a da cenoura, porém é mais fibrosa e quase sem sabor, em nada comparável com a minha querida mandioquinha. Fiz um creme de legumes com o que eu tinha disponível naquela noite e no dia seguinte saí novamente à procura da mandioquinha. Fui a uns sete mercados diferentes, é isso mesmo caro leitor, sete, “7”, e nada. Claro que essa maratona só foi possível porque no condado de Broward, próximo a Miami onde eu morava, no auje do trânsito formava-se uma fila de quatro carros no cruzamento. E a cada seis quadras tem um supermercado. Sério, era um sossego.

Voltei para casa vencida. A batalha tinha sido em vão, pensava eu enquanto descarregava o porta-malas do carro lotado de guloseimas americanas e importadas do mundo inteiro e curiosidades domésticas úteis e inúteis.